A mais perversa e cruel das violências

Gambe4Women
3 min readMay 30, 2024

--

by Stella Furquim

Photo by Martin Dalsgaard on Unsplash

1 em 3 mulheres no mundo todo sofrem violência doméstica ou violência num relacionamento íntimo.

85% das mulheres coreanas já tiveram experiência com discurso de ódio online.

Em 2022, 48.880 mulheres foram mortas por feminicídio, totalizando 55% dos casos de homicídios contra mulheres.

Em 2021, estimou-se que o custo da violência de gênero somente na União Europeia é de 366 bilhões de euros.

Menos de 40% das mulheres que sofrem algum tipo de violência de gênero procuram ajuda de algum tipo e somente 10%, procura a polícia.

Estas estatísticas e muitas outras podem ser encontrada aqui.

Porém, se você conversar com qualquer mulher, mãe ou não, a maioria — provavelmente 100% delas, irão concordar que a mais perversa e cruel das violências é quando um ex parceiro mata os filhos em represália ao fim da relação.

Crianças são definitivamente ferramentas de controle sobre uma mulher. O tempo todo vemos leis e regulamentações que são instrumentalizadas contra mulheres. Seja através do tão largamente utilizado conceito de guarda compartilhada até o infanticidio.

Violência vicária (Abuse by proxy, em inglês) é um tipo de abuso emocional que ocorre na violência doméstica e por parceiro íntimo. Este abuso emocional ocorre quando um agressor inflige danos à vítima através de terceiros. Trocando em miúdos, as mulheres sofrem ao ver seus filhos sofrendo, sendo mal cuidados, negligenciados ou até mortos.

Em 2002, no show de tv da Oprah, vi uma entrevista com Christine McFadden uma mulher de 46 anos que havia se divorciado do segundo marido no ano anterior. Ela tinha uma filha de 5 anos com ele e 3 filhos adolescentes do primeiro casamento. Em respeito a relação dele com a filha pequena, ela deu livre acesso ao ex para frequentar a casa. Numa manhã, como fazia diariamente, saiu para caminhar enquanto as 4 crianças ainda dormiam. No seu retorno, viu o carro do ex parado na porta, tomou aquela dose de coragem e paciência para lidar com ele e entrou em casa…..simplesmente ele havia matado os 4 filhos dela a tiros e na sequência se suicidou. Christine, uma mulher certamente resiliente, não quis se mudar da casa em que morou com os filhos e local onde foram mortos por se recusar a fazer a da morte destas crianças a definição do que eles haviam sido. Ela lembrou que os 4 cresceram naquela casa e havia muitas memórias maravilhosas daquelas que eram as pessoas mais importantes da vida dela ali e que não daria maior importância para o ato cruel e perverso do ex-marido.

Luciana Guizan — GAMBE

Numa festa familiar em comemoração ao ano novo, no final de 2016, em Campinas — SP, um homem, inconformado com a separação, invadiu a casa da família da ex-mulher e matou 12 pessoas. Destas 12 pessoas mortas, 10 eram mulheres, todas da mesma família. Das 2 pessoas do sexo masculino, uma era o filho do autor dos disparos, um menino de 8 anos. Óbvio que o criminoso, perverso e covarde se suicidou. Este caso ficou conhecido como a Chacina de Campinas.

Ontem, uma criança de apenas 4 anos, foi envenenada pelo genitor que confessou ter matado o próprio filho para se vingar da mãe da criança de quem estava separado há 6 meses.

O mundo está repleto de histórias de homens covardes e vingativos, agressivos e raivosos que não aceitam um “não” como resposta ou “não quero mais”.

Passou da hora da justiça fazer seu verdadeiro papel e proteger quem realmente precisa de proteção. Se isso não começar a acontecer rapidamente, o que será do nosso futuro?

--

--