#CartasParaStella 002

Gambe4Women
3 min readFeb 21, 2023

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Photo by Hannah Busing on Unsplash

Pela primeira vez venho abrir meu coração sobre coisas difíceis que vivi e espero poder dar um sopro de esperança a quem sofre neste momento.

2001: Início do ano, estou morando em S. Paulo, onde possuia uma clínica de terapias naturais e escola de Yoga. Tudo ia super bem.
Um dia, junto com algumas amigas, começamos a rir e de repente eu senti que qualquer coisa não ia bem no meu corpo, percebi que sangrava pela vagina.

Não era menstruação, pois eu já estava com 47 anos.
Fui ver um médico e ele me ordenou alguns exames. Alguns dias depois ele me telefonou pedindo para eu ir no seu consultório. Chegando lá, eu olhei no seu rosto e vi que sua expressão era estranha, desoladora.

Ele então me comunicou que eu tinha câncer no útero , já avançado.
Precisaria operar o quanto antes.
Foi um ano difícil. Fui operada e tive que fechar minha clínica e parar meu trabalho.
Fiquei sem dinheiro, com a saúde frágil, mas sobrevivi.

2002: Resolvi vir passear em Montreal, onde já tinha vindo algumas vezes e gostava da vibe desta cidade. Como eu estava sem dinheiro, comprei algumas bijuterias no Brasil e as trouxe para vender.
Chegando em Montreal, comecei a oferecer as bijuterias em algumas lojas, até que cheguei numa pequena joalheria, onde o dono comprou quase tudo o que eu tinha, pagou bem e me convidou para jantar. Em resumo, esse homem acabou me pedindo emcasamento.
Eu disse a ele que não podia assumir compromisso, pois ainda estava me
recuperando do câncer e precisava de cuidados para me restabelecer. Ele então me disse: eu também tenho um problema, sou alcoólatra e preciso de uma razão para me curar desse vício. Se nos casarmos podemos nos ajudar mutualmente.

2003: Acabamos nos casando, eu mudei para Montreal e deixei minhas filhas no Brasil.
No início foi bom. Abrimos uma loja maior, a comunidade brasileira nos apoiou e fui recuperando a minha saúde.

2004: Eu voltava sempre a consultar meu médico no Brasil e na última vez ele me anunciou que eu estava curada. Foi um lindo milagre, entretanto o mesmo não aconteceu com meu marido, que apesar de tudo ir bem, não conseguiu deixar de beber e foi se tornando a cada dia mais desagradável, mal-educado e finalmente, violento.

Uma noite, chegando em casa ele começou a gritar, eu pedi para ele parar mas ele continuou. Eu me dirigi para a porta de saída e foi então que ele atirou uma garrafa de bebida na minha cabeça. Foi horrível!
Eu então chamei um táxi e parti, no meio da noite, sem saber para onde ir.

Fiquei errando nas ruas e acabei no Clube dos Portugueses onde havia uma festa que já estava no final. Eu comentei meu caso com a senhora que se ocupava do bar e ela me disse: eu não posso te deixar aqui, sem ter para onde ir. Vou te levar para minha casa, para dormir ao menos esta noite.
E esta foi uma coisa que eu jamais esquecerei. Um anjo no meu caminho.
Eu dormi na casa dela e no dia seguinte fui procurar um lugar para morar. Achei um apartamento minusculo em frente ao parque La Fontaine e lá eu recomecei minha vida.

De 2005 até hoje, eu me levantei, arrumei um trabalho, depois outro melhor, abri um café brasileiro que durou 1 ano, voltei a estudar, me qualifiquei no ramo de trabalho que eu já possuía, perseverei, passei a ganhar bem, comprei uma casa e me casei de novo, mas desta vez com um homem gentil, que ama e respeita não só a mim mas minhafamília e meus amigos.
Devo acrescentar que eu não era mais jovem, já estava com 50 anos, mas não me deixei abandonar.
Tudo é possível quando temos coragem e perseverança.

E isso é o que desejo para você .

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Grupo de Apoio a Mulheres Brasileiras no Exterior

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