Informar X Aterrorizar

Gambe4Women
3 min readJan 27, 2025

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by Stella Furquim

Uma mulher nos procurou um dia através de uma mensagem via mídia social. Na mensagem, a descrição dos problemas que a estavam afligindo evidenciava vários tipos de violências de gênero que assolam as vidas das brasileiras no exterior: violência moral e psicológica, violência patrimonial e indícios de violência sexual.

Para complicar ainda mais a situação, a mulher tinha uma situação migratória delicada, ainda estava em processo de obtenção de residência no país onde morava, não falava a língua com fluência e era mãe de uma criança pequena.

Esta mulher oscilava entre chorar e tentar ser o mais racional possível. Em sua situação vulnerável, exprimia sentir profunda falta de uma rede de apoio como tinha em seu país natal além de saber que suas chances profissionais também seriam mais ricas no seu país de origem.

Photo by Jaqueline Fritz on Unsplash

Ela busca informações, acolhimento e soluções. O sofrimento tem que ser extinguido. Simplesmente sobreviver nesta dinâmica, não é mais uma opção. Algo precisa mudar, e logo.

As autoridades locais não a levam a sério. Os profissionais da saúde e do direito sugerem que ela releve as “falhas” do parceiro a fim de manter a paz familiar. O médico prescreve um anti-depressivo para que ela fique anestesiada da dor. A nós, só nos resta ajudar esta mulher a encontrar soluções.

A comunicação de riscos é um desafio complexo que exige uma abordagem cuidadosa e estratégica. O objetivo é transmitir informações de forma clara e precisa, sem gerar pânico ou desinformação. Para alcançar esse objetivo, é fundamental adotar estratégias que promovam a confiança, a compreensão e a tomada de decisões informadas. Acima de tudo, nosso papel como organização que informa e apoia é sempre de dar espaço para que cada mulher tome sua decisão.

Nosso objetivo é empoderar as mulheres, fornecendo-lhes os recursos necessários para que exerçam seu direito de escolher o próprio caminho.

Às vezes a dor e a desesperança é tamanha, que tomar um caminho de maior risco se torna a melhor opção para estas mulheres. Para a nossa organização, cabe o papel de dar-lhe suporte para enfrentar a caminhada.

Nossos Princípios Fundamentais são:

  • Transparência: Somos honestas e diretas ao comunicar os riscos. Não ocultamos informações relevantes ou apresentamos dados de forma enviesada.
  • Clareza: Utilizamos uma linguagem simples e clara, evitando jargões técnicos. Apresentamos os dados de forma concisa e objetiva, utilizando gráficos e exemplos práticos quando necessário.
  • Confiabilidade: As informações são provenientes de fontes confiáveis e atualizadas sempre sob a perspectiva de gênero.
  • Contextualização: Apresentamos os riscos em um contexto mais amplo, relacionando-os com a vida cotidiana das mulheres e crianças facilitando a compreensão e a percepção da relevância dos temas.
  • Empatia: Colocamo-nos no lugar das mulheres e adaptamos a mensagem às suas necessidades e conhecimentos prévios.
  • Diálogo: Estimulamos o diálogo e a participação em grupos onde possam conhecer outras mulheres passando pelos mesmos problemas. Respondemos às dúvidas e críticas de forma aberta e transparente para que possam tirar dúvidas e expressar suas preocupações.
  • Foco na ação: Incentivamos as mulheres a tomarem medidas preventivas e a buscarem informações adicionais.

O medo, amplificado pela desinformação, paralisa o pensamento crítico e nos torna mais suscetíveis à manipulação. E os riscos são dinâmicos, podem mudar ao longo do tempo. É necessário monitorar constantemente a situação e atualizar as informações de forma regular.

A comunicação de riscos é um processo contínuo e desafiador. Ao adotar estratégias eficazes e éticas, é possível promover a conscientização, a participação e a tomada de decisões informadas, contribuindo para a construção de uma sociedade mais segura e resiliente. Mas acima de tudo, cada mulher deve sempre ser apoiada em suas decisões sobre suas próprias vidas.

Afinal, cada experiência é única e cada uma de nós sabe as “dores e as delícias” das nossas próprias realidades.

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Grupo de Apoio a Mulheres Brasileiras no Exterior

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