Não julgue o livro pela capa

Gambe4Women
2 min readSep 5, 2020

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Inicialmente publicado em 9 de julho de 2015 por Stella Furquim

trabalho da artista Sonia Singh: treechangedolls.tumblr.com

Se tem uma coisa que sempre me incomodou é a pressão que as mulheres sofrem desde antes do nascimento para serem plasticamente perfeitas.

Eu tenho dois filhos e nas minhas gravidezes, eu tinha a nítida impressão que meu humor era sempre sentido pelos bebês.

Fico então imaginando o que sente a bebê menina no ventre da mãe que ouve, nada mais do que críticas ao seu óbvio ganho de peso ou perda da cintura durante estas 40 semanas!

No puerpério então, temos tantas preocupações: vou ser boa mãe? vou ter leite? vou dar conta? E aquela adicional: vou perder o peso adquirido na gravidez? E quão rapidamente?

Magreza, músculos definidos sem parecer masculinizada, depilação, cabelos lisos, unhas feitas, cútis……com esta tensão toda, precisamos de um pouco de entretenimento, certo? Não sei se a idéia é tão boa! Eu explico!

Pegue uma revista classificada como “feminina”. Na capa tem um ser magro e escultural (ok, as vezes é photoshop) e as chamadas são sempre do tipo: “Corpo perfeito pro verão”, “Fique magrinha em 3 semanas com esta dieta”, e por aí vai….

O destaque neste artigo está para a obrigação de ser magra porém ter cabelos lisos, pele clara e nariz arrebitado então é ganhar na loteria das aparências!

Os pais de meninas tem uma importância enorme na quebra deste ciclo doentio da aparência perfeita de acordo com a mídia. Há de se amar pelo conteúdo não pela capa e se policiarem quando fazem comentários sobre suas próprias aparências ou das mulheres em geral.

Li uma noticia online dia desses em que o nigeriano Taofick Okoya, empresário e orgulhoso de sua identidade cultural, criou a linha de bonecas “Queens of Africa”, que são negras e tem roupinhas a caráter tipicamente africanas. Afinal, como a menina negra poderia ter orgulho de sua aparência se só tivesse a Barbie para brincar?

Outra iniciativa fantástica é a da artista da Tasmânia, Sonia Singh, que “conserta” bonecas as demaquilando e desvestindo, repintando o rostinho sem maquiagem e vestindo as bonecas para que elas estejam prontas para todas as aventuras ao ar-livre que suas donas quiserem participar dando assim um ar mais infantil e realístico às bonecas!

Ser criança é tão bom! Brincar e explorar sem se preocupar com nada!

Crescer dói naturalmente, já temos tantos conflitos internos normais e inerentes à adolescência, para que aumentar a angústia da criança?

Convido a todos a nos liberarmos dos conceitos de belezas atuais e futuros.

Que tal falarmos mais sobre ciência, música, artes, livros…..esqueça a capa para poder aproveitar o conteúdo!

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Written by Gambe4Women

Grupo de Apoio a Mulheres Brasileiras no Exterior

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